Texto por RENATO ONOFRE
Ambiente. Em Charitas, um dos pontos do traçado do túnel, “novela” no ar desde a década de 70 Márcio Alves / Márcio Alves/13-8-2013 |
A prefeitura de Niterói adiou para 2014 o início das obras de construção do Túnel Charitas-Cafubá. O novo cronograma contraria o planejamento do próprio Executivo, que, em março, em audiência pública realizada na Câmara Municipal, garantiu para dezembro o início das intervenções. A prefeitura ainda esbarra no contrato assinado pela gestão passada com o consórcio curitibano Via Oceânica S/A, que venceu a licitação para construir e explorar a via. Embora o prefeito Rodrigo Neves tenha anunciado, ainda em campanha, que romperia o contrato por não concordar com a cobrança do pedágio, até hoje o Executivo não acionou juridicamente a empresa para cancelar a licitação, decisão que pode gerar multa rescisória.
Apesar de adiada a construção do túnel, na semana passada a prefeitura concedeu a ordem de início para a elaboração dos estudos de demanda do corredor viário do BRT da Transoceânica. Ainda na primeira quinzena deste mês, segundo o município, haverá a licitação para a elaboração do novo Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental do túnel.
Em maio, O GLOBO-Niterói mostrou que o contrato nº 34/2012, que firmou o compromisso entre a prefeitura e a Via Oceânica, deixava clara a previsão de multa em caso de interrupção unilateral das cláusulas acordadas. O município trabalha com a tese de anulação de contrato, conforme previsto no item 32 do documento, que admite a criação de uma comissão para analisar possíveis ressarcimentos em caso de ruptura do acordo.
Entre os caminhos que o município adotará juridicamente está a tese de que a concessão foi feita pela gestão do então prefeito Jorge Roberto Silveira às vésperas da licitação, sem estudo e com técnica inconsistente.
Ainda em maio, a Câmara autorizou a prefeitura a contratar financiamento de R$ 292,3 milhões com o governo federal para a construção da TransOceânica, via expressa de aproximadamente dez quilômetros de extensão que ligará o Engenho do Mato a Charitas. Na obra, está incluída a construção do Túnel Charitas-Cafubá, de 1,3 quilômetro de extensão em cada uma das duas galerias. O financiamento evitaria a cobrança de pedágio. A via também terá corredor de BRT, seis terminais de integração e estações de embarque e desembarque de passageiros. Está prevista ainda a implantação de ciclovias.
O novo adiamento é mais um capítulo da “novela” em que se transformou o projeto do túnel. Ele surgiu na década de 70, mas só ganhou força 20 anos depois, durante a primeira das quatro gestões de Jorge Roberto Silveira (PDT) na prefeitura. Em 7 de janeiro de 1996, o colunista Gilson Monteiro noticiava a desapropriação de um imóvel que passaria no traçado do Túnel Charitas-Cafubá.
Em 2007, o então prefeito Godofredo Pinto (PT) lançou os primeiros editais para as obras, baseado no Plano Diretor de Trânsito e Transporte, mas irregularidades apontadas pelo TCE suspenderam o processo. Em janeiro de 2010, o município chegou a abrir concorrência pública para escolher a empresa que realizaria as obras. Na época, a prefeitura informou que quatro interessadas haviam entregado propostas, mas entraves burocráticos impediram que o processo fosse adiante.
Em 2011, nova licitação foi aberta, e culminou, em agosto do ano passado, na contratação do consórcio Via Oceânica. No contrato, estavam previstos o início das obras para janeiro deste ano e a conclusão para 2016.
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